Trading de opções: uma operação obrigatória? Confira!
O Trading de opções tem se tornado uma tendência entre os investidores que buscam diversificar as suas estratégias de investimento utilizando derivativos.
Desde a recente crise sanitária, as opções de ações ganharam destaque e preferência entre os investidores de varejo e especuladores. No entanto, cerca de 9 em cada 10 Traders perdem dinheiro operando desta forma nos mercados financeiros.
Por isso, é necessário entender os prós e contras dessa modalidade de negociação, antes de dar o primeiro passo nessa jornada de investimentos.
Opção, um derivativo que se tornou essencial para Traders
Uma opção é um contrato que oferece ao seu comprador, o direito, e não a obrigação, de comprar ou vender um ativo subjacente a um determinado preço, conhecido como preço de exercício. Esse direito pode ser exercido até a data de vencimento definida no contrato.
Os contratos de opções permitem especular sobre a valorização ou queda de um ativo, arriscando apenas o montante inicial pago por elas, o chamado “prêmio”. Eles podem ser usadas para proteger posições contra as oscilações de preços desfavoráveis.
Quando comparadas com a compra ou venda de um ativo a descoberto, as opções oferecem uma alavancagem significativa devido ao baixo investimento inicial exigido. Assim, é possível assumir posições consideravelmente maiores, com um valor reduzido.
Mas atenção: o Trading de opções envolve riscos que não devem ser subestimados.
Estratégias de Trading avançadas, se mal aplicadas, podem levar a perdas rápidas e expressivas. Portanto, o investimento em opções não é recomendado para investidores sem o nível de conhecimento necessário.
Entender sobre os diferentes tipos desse instrumento financeiro, o efeito da alavancagem, as diversas estratégias existentes e os seus respectivos riscos é fundamental antes de qualquer investimento. A seguir, vamos explorar mais sobre esse universo.
Entendendo o funcionamento das opções
Existem dois tipos principais de opções, cada uma com direitos específicos:
- Call, que dá ao seu titular o direito de comprar o ativo subjacente pelo preço de exercício estabelecido no contrato. Uma opção call é usada para apostar na alta do preço do ativo subjacente.
- Put, que concede o direito de vender o ativo subjacente pelo preço de exercício. Uma opção put é usada para especular sobre uma queda nos preços.
O ativo subjacente desses produtos financeiros pode ser uma ação, um índice de ações, um título, uma commodity, uma taxa de câmbio ou outro ativo financeiro.
O valor de uma opção é composto por duas partes:
- Valor intrínseco, refere-se à diferença entre o preço atual do ativo subjacente e o preço de exercício (ou strike) acordado no contrato.
- Valor temporal (ou extrínseco), representa a probabilidade de a opção terminar “dentro do dinheiro” no vencimento, influenciado principalmente pela volatilidade do ativo subjacente. Quanto mais distante a data de vencimento, maior é o valor temporal.
Existem dois tipos principais de opções:
- Opções americanas: podem ser exercidas a qualquer momento antes do vencimento. Sua flexibilidade oferece um valor agregado.
- Opções europeias: só podem ser exercidas na data de vencimento estabelecida no contrato.
Observe que as opções americanas oferecem mais possibilidades do que as europeias, porém elas são mais caras. Em geral, a maioria das opções sobre ações é do estilo americano, enquanto as opções de índices podem ser tanto americanas quanto europeias.
Os termos geográficos dessas opções não limitam o Trader com base em sua localização. Logo, é totalmente possível escolher uma opção americana operando de Paris ou uma opção europeia de Nova York.
Além disso, existem outras opções mais complexas:
- Opções com barreira, que podem ter apenas dois resultados no vencimento: o ganho fixo predeterminado, se o ativo subjacente atingir o preço de exercício; ou uma perda total do prêmio pago inicialmente.
- Opções binárias, cujo valor e características dependem do atingimento de um preço específico, chamado de barreira.
- Opções asiáticas, cujo preço de exercício varia conforme a média do preço do ativo subjacente em um período anterior ao vencimento, atenuando os efeitos da volatilidade de curto prazo.
Mesmo com essa variedade de opções disponíveis, as americanas e europeias ainda são as mais comuns e adequadas para os investidores.
Escolhendo o tipo certo de opção
A escolha do tipo de opção para uma estratégia específica exige a análise de vários fatores importantes, como:
- Volatilidade do ativo subjacente. Quanto maior a volatilidade, maior o preço das opções, já que o potencial de retorno também cresce.
- Prazo de vencimento. Opções com prazos de vencimento mais longos tendem a ser mais caras devido ao seu valor temporal elevado.
- Preço do ativo subjacente. A flutuação deste preço influencia diretamente o valor intrínseco da opção. Se o preço do subjacente sobe, o valor intrínseco de uma opção de compra (call) aumenta. Quando ultrapassa o preço de exercício, a opção está “dentro do dinheiro”, ou seja, seu exercício seria lucrativo, valorizando-a. Por outro lado, se o preço do ativo cai, uma opção de venda (put) valoriza em seu valor intrínseco.
- Taxa de Juros. Um aumento nas taxas afeta negativamente as calls, mas beneficia as puts.
- Preço de Exercício. Quanto mais próximo ele estiver do preço do ativo subjacente, mais a opção reage.
Calcular o valor teórico de uma opção usando modelos matemáticos, como o modelo Black-Scholes, é essencial para entender se ela está cara ou barata, garantindo que o preço esteja alinhado com os seus critérios de investimento.
Uma análise detalhada das condições de mercado também é necessária ao escolher as suas opções, para:
- Identificar a tendência geral: alta, baixa ou neutra.
- Estimar o grau de volatilidade esperado para o período em questão.
- Prever a amplitude da movimentação dos preços.
- Escolher um prazo de vencimento alinhados às suas necessidades.
Ao combinar uma avaliação quantitativa com uma análise qualitativa do mercado, é possível selecionar as opções que possuem a melhor relação retorno e risco.
As principais estratégias de Trading de opções
Os contratos de opções oferecem uma grande flexibilidade estratégica, possibilitando diversas combinações de prazos de vencimento, preços de exercício e tipos.
Aqui estão os principais tipos de estratégias de Trading de opções.
A mais simples protege o portfólio contra uma forte volatilidade desfavorável, por meio de:
- Uma call coberta, que corresponde a compra de ações combinada com a compra de uma opção de compra para proteger contra uma possível queda nos preços.
- Uma put protetora, que consiste na venda a descoberto de ações combinada com a compra de uma opção de venda para se proteger em caso de alta.
Já as outras estratégias visam explorar a volatilidade, das seguintes formas:
- Compra simples de opções call e put
Essa estratégia permite especular sobre a alta ou queda com um risco limitado ao prêmio pago. Nessa abordagem, a compra de uma call é para apostar em uma alta, enquanto a compra de uma put reflete uma visão baixista do mercado.
- Venda de opções call e put descobertas
Os ganhos se restringem aos prêmios recebidos, mas o risco de perda é alto, podendo ser ilimitado para a venda de calls descobertas, já que o preço do ativo subjacente pode subir indefinidamente. Na venda “descoberta”, o Trader vende a opção sem possuí-la, com a intenção de recomprá-la mais tarde a um preço menor. Dado o potencial de perda, essa estratégia é destinada apenas para Traders experientes.
- Posições combinadas
A compra e venda simultâneas de opções permitem aproveitar configurações complexas ou apostar na própria volatilidade, sem uma visão direcional.
Existem várias combinações. Aqui estão as mais comuns:
- “Straddle”
Compra de uma call e uma put simultaneamente com o mesmo preço de exercício e vencimento, visando aproveitar grandes oscilações de preço. Para a estratégia ser lucrativa, o ativo subjacente, no vencimento, precisa estar fora da faixa estabelecida pelos preços de exercício das opções. Se ele permanecer entre esses limites, o straddle resultará em uma perda de, no mínimo, os prêmios pagos pela compra das opções.
- “Strangle”
Essa estratégia é similar ao straddle, mas utiliza preços de exercício diferentes. Embora seja mais barata, ela requer maiores movimentos de preço para ser lucrativa.
- “Spread” de alta
Consiste na compra de uma call e na venda de outra call com um preço de exercício mais alto. O intuito é apostar em um aumento moderado do preço do ativo subjacente. Ao adquirir a opção de compra, o Trader aposta na alta dos preços, e ao vender uma opção de compra com um preço de exercício superior, ele diminui o custo total da posição, mas limita seus ganhos caso o aumento seja muito expressivo.
- “Spread” de baixa
O oposto da estratégia anterior, envolvendo a compra de uma put e a venda de outra opção de venda com um preço de exercício mais baixo.
Gerenciando os riscos inerentes ao Trading de opções
O Trading de opções possui riscos inerentes que merecem uma atenção especial. Aqui estão os principais:
- Risco de alavancagem excessiva
A capacidade de comprometer um valor nominal significativo com poucos recursos pode levar alguns Traders a uma confiança excessiva e, consequentemente, a assumir posições desproporcionais em relação aos potenciais ganhos.
- Risco de perdas ilimitadas
O Trader que decide vender opções a descoberto está exposto a perdas teoricamente ilimitadas em caso de um movimento desfavorável dos preços.
- Diferença entre o preço do ativo subjacente e o valor intrínseco
Devido ao valor temporal (ou extrínseco) de qualquer opção, o valor desta pode evoluir diferente do ativo subjacente, complicando a análise financeira.
- Volatilidade
Uma baixa volatilidade reduz as perspectivas de ganho, de modo que o preço de compra das opções pode, posteriormente, parecer excessivo em relação aos ganhos.
- Decorrer do tempo
O valor temporal de uma opção diminui a medida que a data de vencimento se aproxima. Às vezes, uma opção pode ficar muito distante do preço do ativo subjacente (muito acima para uma call ou muito abaixo para um put) e perder todo o seu valor intrínseco.
Existem várias medidas para mitigar esses riscos no mercado de opções, como:
- Diversificar
Distribuir as opções entre diferentes ativos subjacentes, setores e tipos de ativos.
- Colocar um stop-loss
Principalmente para a venda de opções.
- Monitorar os vencimentos
Para evitar manter opções até uma eventual expiração sem valor.
- Utilizar opções altamente líquidas com ativos subjacentes de grande volume
Para possibilitar uma saída ágil do mercado e minimizar os riscos de “derrapar” no preço (slippage).
Como visto, o Trading de opções é uma abordagem sofisticada e exigente. Dominá-la requer tempo, e para ter sucesso neste tipo de operação, é essencial adquirir um sólido conhecimento antes de embarcar nessas atividades especulativas.
Portanto, busque entender a natureza e o funcionamento das opções: os diferentes tipos de contratos, o impacto da volatilidade e do tempo, e as várias estratégias possíveis. Lembre-se ainda da importância de sempre manter uma boa gestão de riscos.
Neste artigo, fizemos apenas um breve explanação deste ecossistema financeiro. A seguir, veja algumas opções de livros para continuar o seu aprendizado:
- “Ganhando Dinheiro com Opções”, de Lee Lowell
- “Opções como um Investimento Estratégico”, de Lawrence G. McMillan
- “A Bíblia das Estratégias de Opções: O Guia Definitivo para Estratégias de Trading Práticas”, de Guy Cohen.
Maxime PARRA
Apaixonado pelo mercado financeiro, Maxime pratica day trading desde os seus 18 anos. Já ministrou mais de cem palestras e treinamentos em prestigiadas escolas de negócios e engenharia na Europa. Atualmente, ele é CEO da Syntax Finance, uma agência que acompanha as principais marcas do setor financeiro mundial em suas estratégias de marketing de conteúdo.
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